terça-feira, 26 de agosto de 2008

,,, ENTRE CÉUS & TERRAS !

AD ASTRA PER ÁSPERA (*1)
(...entre céus & terras !)

I

Sós, num solo a dois,
irmanados
ao som do “hungu”
em vôos suaves
de fim de tarde,
desafiando a gravidade.

Rijo embate de corpos,
estratégias, espaços...
“pero sin perder la ternura”
e a compostura, jamais.
Energia em movimento,
senso & mente,
sentimento
num momento único,
ancestral-tribal.


II

Yê... grito gutural
a despertar mitos,
regenerar conflitos,
a retemperar o espírito
e afinar a alma, afinal.

"NATO" AZEVEDO


N. do A.: antigo provérbio latino que significa
obter sucesso (atingir os astros) seguindo
por caminhos difíceis, árduos, ásperos.
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ÚLTIMOS INSTANTES
(24/03/1985)

Um dia você partiu !
Uma noite, aliás... ninguém viu !
O meu amigo de Capoeira,
das liberdades, das brincadeiras
ao som de músicas e de fantasias
enfrentou as armas da covardia
e, saltou, enfim, para a Morte.
Foi conhecer o Nada, tentar a sorte,
ter vida eterna, ser Eternidade.
Continuo aqui, morto de saudade,
desde a hora em que tu partiste.
Me levaste tudo, me deixaste triste.
Quem morreu fui eu... só você existe !

"NATO" AZEVEDO


Homenagem póstuma a "Rubinho
Tabajaras" (Rubem Costa Satyro)
assassinado na saída de um baile funk no
C. Regatas Botafogo em 30/set./1977,
na véspera de meu aniversário.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

NOVAS ESPERANÇAS


NOVAS ESPERANÇAS


I

Vejam só...

mais um dia vai terminando,

velhas mágoas se afastando

e nós estamos sorrindo.

Vejam bem...

a última noite já vem chegando,

um novo ano anunciando

e nós estamos reunidos.


II

Irmãos, amigos,

com novos sonhos e esperanças,

felizes feito crianças

e cheios de amor e paz.

Com a família

e todos que nos querem bem.

Que não falte ninguém...

a festa vai ser demais !


III

Vem,

mas venha feliz, novo ano.

Afaste os meus desenganos

e me dê um coração novo.

Vem,

e me traga novos amigos.

Me livre dos velhos perigos.

Me faça feliz, ANO NÔVO !


"NATO" AZEVEDO

sábado, 23 de agosto de 2008

AÇÃO ENTRE AMIGOS

AÇÃO ENTRE AMIGOS


Vejo, sob a janela, dois meninos...
vêm de bela mansão, tosco sobrado.
Um, bem nutrido; o outro, ares mofinos
andando em brincadeiras, lado a lado.

A rua é vasto mundo aos pequeninos,
mas o melhor petiz fica chateado
ao ver o amigo pobre, fios finos
puxando uma latinha, envergonhado.

Um coração tão nobre -- lar sem jaça
da amizade mais pura -- em gesto terno
pega o carro nas mãos. Pela vidraça

eu vi trocar de dono o auto moderno:
-- "Toma este meu brinquedo... tem mais graça"!
E sai com o "carrinho", olhar fraterno.


"NATO" AZEVEDO

O TEMPO NÃO VOLTA !


O TEMPO NÃO VOLTA !
I
Tem dias em que eu penso...
"porque é que eu sofro tanto"
e, então, banhado em pranto,
quero morrer.
Porque sigo o meu caminho
sem amigos, tão sozinho,
minha Vida é só espinhos...
pra que viver ?

I I
(refrão)
Como o Sol afasta as trevas
e o domingo tudo alegra...
novo tempo há de chegar !
Tudo tão pouco importa...
o Tempo que vai, não volta.
Abra janelas e portas
prá Felicidade entrar.
I I I
Chega desse desespêro...
prá fazer um bom tempêro
é preciso açúcar e sal.
Assim é também a Vida...
seja alegre ou sofrida,
ela nunca é igual !
"NATO" AZEVEDO
(OBS.: versão livre de
música da banda
Creedence C. Revival)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

CAPITALISMO

CAPITALISMO
I

Você tem sido vencido
há tanto, por tudo.
Por tantos, por surdos,
por turnos noturnos
na fábrica que fabrica "fábricas"
de neurose... de tuberculose.

I I
Você vai ser
assassinado
por turmas soturnas
em furnas diurnas
que te sugam e sangram.
Vença você...
suicide-se,
antes que te matem !
"NATO" AZEVEDO

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

CARRO DE LUXO

CARRO DE LUXO
I
Eu comprei ontem um carro
azul estrela-brilhante,
macio e aconchegante...
um belo carro de luxo
(um big carro de luxo!)

II
Por mil salários de um homem
um belo carro comprei.
De gente que passa fome,
suor de mais de cem homens...
um supersport "freeway".

III
Fui prá melhor avenida,
a mais veloz e moderna.
Estava na hora do "rush"
e nem mesmo o George Bush (1)
dava um fim na baderna.

IV
Oh, Deus do céu e da Terra,
vê minha situação.
Estou parado, emperrado,
paralisado, "engessado"...
meu carro é uma prisão.

V
200 cavalos de força,
confôrto e satisfação.
Total ar-condicionado,
todo digitalizado,
luxuosa e cara prisão.
"NATO" AZEVEDO

(1) Esta música foi criada em 27/set. 1991
e se refere ao antigo presidente, pai do
G.B. atual. E onde se lê digitalizado era...
computarizado, anteriormente.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

ILUSÃO

I L U S Ã O
I
Perdi você...
perdi você não sei porque!
Nem sei porque
perdi você...
não tem explicação,
ah, não tem não !

E fica em mim a sensação
de que esse amor foi ilusão.
Se fôr viver na solidão
eu morro de paixão.

I I
Pedi a você
uma explicação,
não sei porque, eu não sei não...
não sei porque razão
você se foi, então.

Explique ao coração
que não suporta a emoção
de te perder assim, sem não
considerar se há perdão.

I I I
Perdão, meu bem,
se eu errei ou se feri
não sei a quem...
não amo com certeza a mais ninguém
porque Você é o meu eterno bem.

E vou além...
declaro pouco importa a quem
que tanto amor não quer saber o que convém
e não se mede em dias/meses/anos nem
em NADA que abaixo dos céus se tem !

I V
Mas, sem ninguém,
vamos eu e você, porém
sabemos que isso não convém
a um amor que traz recordações.

Não vamos mais brigar à toa,
voltemos a ficar "na boa",
pois somos uma só pessoa
que tem em si 2 corações !
"NATO" AZEVEDO

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

PRAZER NO PARAÍSO

PRAZER NO PARAÍSO
I
-- "Onde está Eva" ?!,
perguntou Adão
a seu Senhor certa manhã.
-- "Onde é que Eva está" ?
-- "Com uma cobra enorme,
atrás do pé de maçã" !
(Acho que está perdida
esta donzela cristã !)
II
-- "Onde é que Eva está,
meu Deus do céu,
complicando o meu nome.
Onde é que Eva está...
(com mil diabos !)
tão longe do seu homem.
É que sem ela não como...
acho que vou passar fome" !
III
De sol a sol
dou meu suor,
trabalho feito mouro.
Do alvorecer ao arrebol,
meu Deus, me arrancam o couro.
Mas Eva, minha mulher,
é meu grande tesouro.
IV
Eu não aguento mais,
vou perder o juízo
pois só Eva me traz
prazer no Paraíso.
Não é de reza... e nem paz,
é de mulher que eu preciso !
V
-- "É trabalhar e jejuar,"
falou o Criador.
-- "À ela amar e procriar..."
Êle nos ordenou !
Mas sem Eva... (prá começar)
eu já nem sei quem sou !
"NATO" AZEVEDO

sábado, 16 de agosto de 2008

TREM DA HISTÓRIA

TREM DA HISTÓRIA
(refrão/bis)
Lá vem o trem...
lá vem o trem da História !

I
Lá vem o trem
contando a nossa história
de miséria e fome.
Lá vem o trem
trazendo a escória
de mulheres e homens.

II
Lá vem o trem
de um povo sem memória
e que só bebe e come.
Lá vem o trem
de raça muito inglória
sem fé nem sobrenome.

III
Lá vem o trem
de um povo sem futuro,
que vive no escuro
sem a luz da esperança.
Lá vem o trem
do país dos sem-sonhos,
povo burro e risonho,
feliz na mendicância.

(refrão final)
Lá vem o trem...
o trem da Moratória !
Lá vai o trem...
o trem da nossa História !
"NATO" AZEVEDO

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

AO MENOS UM DIA...

AO MENOS UM DIA...

Às vezes eu tenho certeza
que a minha sorte acabou.
E vejo com muita tristeza
que a vida dura não findou.

São tantos sonhos, incertezas,
mil esperanças... para nada !
Me pego sentado na mesa,
o prato cheio só de mágoas.

Quem dera a Vida fosse bela
e o céu tão cinza mais azul;
o Tempo fluisse qual novela
e eu, na janela, a cantar blues.

Olho o Passado tão tristonho
e tudo é só melancolia.
Foi-se o futuro, planos, sonhos...
fiquei sem tudo o que queria.

(REFRÃO)
São tantos sonhos, tanta lida...
hoje eu me sinto tão cansado !
Ao menos um dia na Vida
quiz me sentir realizado.

"NATO" AZEVEDO

(OBS.: versão livre de hit do BOB DYLAN)

SONHOS REAIS

SONHOS REAIS

Lá longe
uma estrela reluz...
Tão longe...
que aos sonhos me conduz.
Estou no meu quarto
deitado, no escuro,
sonhando acordado,
pensando no futuro
e sonho... eu sonho !

Os sonhos não são sonhos
prá quem (os) quer realizar.
São certeza e esperança
prá quem sabe sonhar.
São visões do futuro
prá quem sabe o que quer.
É a fé em si mesmo,
seja eu homem ou mulher,
(Sejas homem ou mulher !)

Os sonhos são desejos
que queremos demais !
Um Mundo só de alegrias,
de progresso e de paz.
Estou no meu quarto
deitado, no escuro,
e, ao longe, uma estrela
brilhante me seduz.
Me aponta o futuro,
radiante como o dela,
bela fonte de luz.
E sonho... eu sonho !
"NATO" AZEVEDO


quinta-feira, 14 de agosto de 2008

ANO NOVO, VIDA NOVA...




BOAS FESTAS
(para Jomara Leite Guerra/DF)

Mais um ano é passado...
um outro, novo, vem vindo.
Caminhos escuros vão indo,
clarões do Amanhã já chegando.
Nos restos da noite vagando
estrelas e o brilho da lua.
O calor de emoções em mil ruas,
no ar um clima de festa.

Há milênios, em noites como esta,
nossos sonhos revivem
e os desejos que tive
são iguais em todos nós.
E eu elevo a minha voz
para onde está meu coração
na ânsia de liberdade
e com a dor da saudade
ardendo em meu peito.

Então, fico sem jeito
com as doces lembranças
de "Você-Esperança",
"Você-Felicidade"!

"NATO" AZEVEDO
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(dedicatória de foto, ém 20/dez.1984)
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Ano Novo, vida nova...
ao velho ADEUS vamos dando
e a esperança se renova
no Amanhã que vem chegando !

Ano Novo... estronda o céu
e o Mundo parece em guerra.
Rendido, aceno o chapéu
pedindo mais paz na Terra.

"NATO" AZEVEDO

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(Andando seminú sobre as areais desertas de qualquer praia
a gente sente que a "liberdade está em nossas mãos", em nossa
pele, entrando pelas narinas, invadindo-nos o corpo inteiro. Este
poema tenta retratar essa sensação inesquecível. Com vocês...)

A M I G O M A R

Sentado na areia, no meio do horizonte,
revejo o Passado, relembro o meu ontem.
Eu canto, eu me calo, não falo, não fumo
e nem tenho metas, nem planos, nem rumo.
Sentado, num dia de manhã bem fria,
na praia deserta, enorme, vazia,
eu tento ser eu, mas eu não sou nada...
sou pó e sou vento, sou céu, sou estrada.

Sou o barulho da água, o silêncio da nuvem.
Sou o jato que passa, que zune, que ruge.
Sou Deus, soudiabo, sou bom e sou mau.
Sou homem, sou mago, anjo e animal.

Mas não quero ser nada, nem ter, nem poder.
So quero liberdade, só quero viver
com felicidade, com um lar, com você !
"NATO" AZEVEDO
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(Dedicado ao amigo José Lucílio Guerra, em 1984/RJ) e
publicado em coletânea da SHOGUN Editora/RJ em 1985.
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OBS.: o jovem colombiano RONALDO VACA P. ROCHA, em
visita a Belém do Pará, musicou este poema em 2003.
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