segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O MESMO VELHO BLUES


O MESMO VELHO BLUES
(10/abril/2008)

I
Se o país é um chiqueiro
de "vermes" e ladrões,
de "vampiros" e "anões"...
terra sem futuro !

Se não há esperanças, tudo é escuro
num céu tão cinza, sem nada azul.
Se no fundo do túnel eu não vejo luz...
então, canto de novo
para todo o povo
o mesmo (e) velho blues.

I I
(refrão)
Se a Vida sufoca
e tudo é ruim.
Se não é assim
que se quer o dia
e toda agonia
nunca jamais finda.

Se quero a alegria
a que faço jus...
Então, canto de novo
junto do meu povo
o mesmo (e) velho blues.

I I I
Há mendigos nas ruas
com crianças nuas
e um povo de escravos
vive de centavos
sem leito nem pão,
enquanto o "barão"
gasta que nem louco.

Quando só um pouco
dado à sua volta
cessará a revolta
que ao pranto induz...
então, cante de novo
junto do teu povo
aquele velho blues.

"NATO" AZEVEDO
(versão livre de música
de J. .J. CALE - 1972)

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

DE NAUS & PAUS, VELAS E VILAS...

DE NAUS & PAUS, VELAS E VILAS,
MATAS & MANTAS, ORLAS E ILHAS
(ao Prof. JOSÉ ILDONE, "primus inter pares")

I
Vigiando tetos, soalhos, proas, lados,
um São José hodierno
acorda o dia -- (re/de)talhando
o esqueleto da nau-casa/caminhão
: andarilha cigana a beijar orlas
a roçar ilhas
a (per)correr milhas
se d(o)ando toda, trans(port)ando tudo.

No luciluzir do horizonte cinza
em frias manhãs de sol-lua azul
o "motorzinho" gargareja esperanças,
resmunga anseios de bons (neg)ócios...
rabiscando linhas brancas
(com suas cor-retas ancas)
no espelho negro d'água
(que Yara logo apaga).
-- "É hora do(s) galos', gelos, gulas enfim"!


I I
Descortina-se a manhã
no palco vivo do dia(-a-dia):
...e VIGIA (ainda) vigila
cochila tranquila
sem vândalos nem vendas,
só (boas-)vindas
e novas voltas
de belos vultos, cultos... muitos !

...e VIGIA (se des)vela, bela
por si. Pérola sagrada
no coração do Passado
(do Estado)
e onde vigem lendas (e p-rendas) lindas,
entre lonas, ondas e lundus...
"ad'onde" vigilengas
lentas limpas
ondulam no azul.

I I I
Pôr-do-sol, do sal, dos sons
no "Rabo da Ósga"
do Arapucão
: sensação / satisfação.
Sapo faz "own"
enquanto as sapas "ranam"
e as jias vadias -- vi-as pela vigia! --
gir(in)am nas pontas podres
de pedras a-paradas
das paredes pardas
do cais de pretas pedras
da provecta Igreja de Pedra.

Algures,
o milenar caboclo Plácido
tece derradeira prece
com fé
à vígil Virgem de Nazaré.

Alhures,
no negrume denso que une
céus, matas e água... (di)vaga
devagar andejo barco
à procura de pôrto-confôrto
praguejando rouco, cuspindo (n)água.

À tona,
no manto úmido lucescente,
em mantas/corsos/boanas
luzem prateadas douradas
vigiando os passos da Noite...
: e VIGIA ('inda) vigia
TODOS NÓS
...seu corpo, sua voz !


"NATO" AZEVEDO

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

TRISTE CAMINHO

TRISTE CAMINHO
I
Um dia ela partiu...
levou sonhos e planos,
o amor de tantos anos
e as promessas que fez.
Maços de velhas cartas,
fotos cheias de marcas,
a tudo ela descarta...
quanta insensatez !
I I
Eu, que muito te amei,
jamais entenderei
onde foi que eu errei
e me ponho a chorar.
E, entre copos de vinho,
sigo a Vida sózinho
te vendo em meu caminho
prometendo voltar.
I I I
Quando o tempo passar
e a canção te tocar
você vai recordar
o que fomos nós dois.
Vais lembrar, então,
em meio à solidão,
nossa bela paixão...
tantos anos depois.
"NATO" AZEVEDO
(versão livre de "Pass this way",
de B. W. STEVENSON)

sábado, 6 de setembro de 2008

RAIZES NEGRAS DO MUNDO

RAÍZES NEGRAS DO MUNDO
(melodia: SILVIO GUEDES dos Santos/PA)
I (refrão)
Da África-mãe ao Brasil negro
recomeça a tua história, Negro.
Na luta de cada dia negro
Zumbi é você agora, Negro.
I I
O som do Brasil é negro
como o colorido de tudo;
como a dança de muitos países
e a paz que resta no Mundo.
I I I
No canto, na reza, na dança,
em nós revive a Mãe-África.
Onde estivermos bem
é nossa terra, é nossa pátria.
I V
Nós não nascemos iguais
mas somos todos irmãos
na terra que nos criou,
nas entranhas deste chão.
V (parte declamada)
Abre as asas sobre nós, Liberdade,
branca vela no mar azul desta vida.
Vem quebrar os grilhões da Verdade
prá renascer a alegria perdida.
"NATO" AZEVEDO
(OBS.: na estrofe final, falada, inverteu-se
por engano o têrmo VERDADE.)

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

POR UM TEMPO MAIS...

POR UM TEMPO MAIS...
I
Sonhei pra mim
um Mundo de paz
com um lar, amigos
e algo mais.
Conforto e bonança,
sonhos de criança...
só isso, nada mais !
I I
A fartura é lembrança
de dias de vida mansa
de anos sem esperanças,
que a saudade nos traz.
E o que vejo, espelhado,
é um ser fracassado
e as cinzas do Passado
não me deixam em paz.
I I I
O tempo foi passando,
nada se realizando
e os sonhos definhando,
porque o Tempo os desfaz.
E, hoje, só quero,
anseio e espero
voltar a ser jovem
por um tempo mais,
só um pouco mais...
só uma vez mais !
'NATO" AZEVEDO
(Versão livre de rock dos
anos 70 do STATUS QUO.)