"RETRATOS" DO BRASIL
I
Eu me lembro
dos dias de infância,
de tempos que não voltam mais.
De anos cheios de esperança,
só de alegrias, de amor e paz.
Hoje tudo é só lembrança,
tanta coisa o Tempo desfaz.
Foi-se o futuro e a confiança...
que nossas crianças não terão jamais!
I I
Eu me lembro
quando eu tinha sonhos,
quando nada era ilusão...
quando as mães com um belo sorriso
curavam as dores do coração.
Eu me lembro...
de ideais e não dinheiro,
de pensar em vocação.
O sonho era construir o Mundo,
era ter uma profissão.
I I I
Hoje tudo está tão mudado,
tudo segue na contramão.
Somos lobos... não há cordeiros,
somos tolos sem coração.
Hoje há "chuva", rios de sangue,
hoje irmão mata irmão...
hoje os rios viraram mangues
e o "lodo" invade a Nação !
I V
Hoje a Pátria é dos demagogos
e discursam apenas vilões.
Hoje há fome e febre entre o povo...
hoje os sonhos viraram "prisões"!
Eu me lembro de dias felizes
com gente tão simples, sincera,
de momentos sem cicatrizes
cuja volta há tanto se espera.
V
Hoje a Pátria é só um mercado,
se saqueia toda a Nação.
Só governam os menos dotados...
um povo de escravos e não cidadãos !
Hoje o medo matou a esperança,
vê-se a Morte em cada esquina.
Hoje a paz é só uma lembrança...
num país que é só desatinos !
V I
Hoje o furto está liberado,
só é preso o pobre infeliz,
o faminto, o desempregado...
esse é o retrato do meu país !
Hoje a Política é importante,
está na mesa no lugar do pão.
Tem valor qualquer meliante...
não vale nada nenhum cidadão !
"NATO" AZEVEDO (25-26/dez. 2012)
OBS.: versão livre de '"Scarborough Fair",
de SIMON & GARFUNKEL, 1973
